Legado da Copa!
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Estádio para Copa de 2010 é erguido em meio a favela, assassinatos e corrupção
Das agências internacionais
Em Nelspruit (África do Sul)
Em Nelspruit (África do Sul)
- O local da discórdia: enquanto o Mbombela fica pronto, as escolas não saem do papel. No início do mês, jovens fizeram protestos violentos em três dias. Um carro de polícia foi incendiato. Segundo os locais, a polícia retaliou invadindo casas e atirando, com balas de borracha, nos moradores.
Essa exuberância, porém, não impressiona quem olha para os arredores do estádio. O Mbombela é cercado por uma vila pobre, chamada Mataffin, que não tem água encanada, esgoto ou energia elétrica. A construção do estádio foi cercada de denúncias de corrupção e até mesmo assassinatos foram ligados à Copa do Mundo.
Usamos essa água para cozinhar, beber e tomar banho. As crianças ficam doentes. Desde que o estádio começou a ser construído, esperamos receber serviços básicos. Mas continuamos sem água e eletricidade
Khelina Sibuyi, 49, moradora de Mataffin, em um poço próximo ao estádio Mbombela
Tudo isso fez um dos moradores, procurado pela agência de notícias Reuters, declarar que os turistas que vierem para Nelspruit "vão conhecer o inferno". "Isso é a África. Não vamos esconder as coisas porque elas são feias", justificou o prefeito de Nelspruit, Lassy Chiwayo.
Um dos exemplos dos problemas de corrupção do estádio começou antes mesmo do início da construção. A prefeitura tentou comprar o terreno do Mbombela, um estádio que custaria 172 milhões de dólares, por apenas um rand, o equivalente a 12 centavos de dólar.
A terra pertencia à comunidade Matsafeni. Depois de briga na justiça, a prefeitura de Nelspruit foi obrigada a pagar indenização de US$ 1,15 milhão aos Matsafeni.
Fatos como esse, porém, tentaram ser abafados. Porta-voz da comunidade de Nelspruit, Jimmy Mohlala era uma das poucas vozes que alertava contra corrupção e mau uso da verba pública na preparação para a Copa.
Foi assassinado por homens encapuzados em frente a sua casa. Segundo a Reuters, existem suspeitas que o homem foi morto por pistoleiros locais, a pedido das autoridades.
Prometeram novas escolas, nova igreja. Nenhuma promessa foi cumprida. Não fizeram nada
Richard Spoor, advogado de direitos humanos. Na foto, uma das escolas de conteineres, usada provisoriamente
Não bastasse a corrupção, o retorno à comunidade também não veio. Água, esgoto e eletricidade já chegaram ao estádio, mas nas casas que o cercam, ainda não. Tão grave quanto é a situação das crianças.
Duas escolas foram mudadas de local em 2007. Os prédios que recebiam os alunos viraram escritórios para autoridades da Copa e as crianças foram jogadas para escolas provisórias, estudando em contêineres sem ventilação.
A promessa era de que em julho a situação estaria resolvida, com dois novos prédios para as duas instituições de ensino. Nada aconteceu e a prefeitura, agora, promete as construções para o fim do ano.
O Mbombela, quando pronto, terá capacidade para 46 mil pessoas. A cidade de Nelspruit, porém, tem apenas 21 mil habitantes.
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