Democracy Now-8 de Junho de 2010
Décadas de alto desemprego é provável
Baker: As políticas correntes estão mais preocupadas com o déficit do que resolver a crise do desemprego.
COMENTÁRIO
Biografia
Dean Baker é co-diretor do Centro de Estudos Econômicos e Pesquisa Política (CEPR). Ele é o autor de vários livros incluindo: Os EUA desde 1980; Seguridade Social: A crise Irreal (com Mark Weisbrot) e Os Benefícios do Desemprego Zero (com Jared Bernstein) Ele aparece frequentemente em programas de rádio e TV inclusive CNN, CBS News, News Hour e National Public Radio da PBS.
Transcrição
PAUL JAY, EDITOR SENIOR DA TRNN: Bem vindos de volta ao Real News Network, Eu sou Paul Jay em Washington, e nos estamos na conferência Futuro da América Agora!. E conosco está Dean Baker. Ele é o codiretor do Centro de Estudos Econômicos e Pesquisa Política em Washington, DC. Obrigado por se juntar a nos.
DEAN BAKER, ECONOMIST do Centro de Pesquisa Econômica e Política. Obrigado por me convidar.
JAY: Eu quero ler uma pequena citação de um texto que você acabou de escrever. “Se os empregos temporários gerados pelo censo forem retirados da contagem, a economia criou somente 20.000 empregos em Maio de 2010. A taxa média de crescimento de emprego fora os do censo nos últimos três meses foi de exatamente 133.000 por mês, somente um pouco maior do que o crescimento da força de trabalho. Nesse ritmo de crescimento do emprego, levará décadas, e não anos, para voltar aos níveis normais de desemprego. É hora de parar o discurso ufanista sobre a recuperação e sermos sérios sobre os problemas econômicos do país.” Então o que você está essencialmente dizendo é que estamos num desemprego estrutural de longo prazo de 9, 10 porcento ou mais. Se você olha para alguns dos, você sabe, números que falam sobre pessoas ainda procurando emprego e que estão fora do trabalho, nos estamos falando de 15, 16, 20 porcento. Então, estou entendendo bem? Nos vamos ter décadas desse tipo de desemprego?
BAKER: Bem, se não tivermos nenhuma resposta da política. Eu digo, será impressionante para mim que nos iremos simplesmente nos acomodar e deixar acontecer. Mas o que acontece é que que não estamos num estável—não estamos num saudável caminho de recuperação. Nos já tivemos isso tudo, você sabe, chuva de boas notícias, você sabe, supostamente notícias boas. Nos tivemos fortes números de crescimento no quarto quarto. Ainda temos muitas coisas que as pessoas estão apontando e dizendo, oh, isto é bom, a economia está numa recuperação. E a realidade é que a economia está quase que certamente crescendo. Então, você sabe, esse crescimento é positivo? É negativo? É um número positivo. A taxa de crescimento é muito baixa, e não é nem de perto o suficiente para diminuir a taxa de desemprego, ou certamente não numa velocidade que nenhum de nos consideraria aceitável. Então nos estamos condenados a isso. Eu digo, nos sabemos como responder a isso: nos podíamos ter mais estímulo, nos pedíamos ter o Fed sendo mais agressivo em tentar expandir o suprimento de crédito. Existem coisas que podemos fazer. Mas no momento, pelo menos, a economia não está mesmo num curso saudável.
JAY: E o que estamos ouvindo sobre isso é que o principal problema é o déficit. Peter Peterson e sua fundação a poucas semanas atrás tiveram uma conferência sobre a qual fizemos uma reportagem—se as pessoas quiserem ver, você pode procurar no nosso sítio da web—essencialmente o que você teve—O Peterson, o Geithner, o Bill Clinton, e o Greenspan lá, e ainda é o mesmo coro: o maior perigo é o déficit. Vamos começar com o porque eles pensam que o déficit é todo esse problema. O que os perturbam?
BAKER: Bem, Não posso falar o que eles pensam. Tudo o que posso dizer é o que eles falam. E eles falam dessas histórias de terror que se nos sairmos em 10, 15, 20 anos, se você simplesmente olhar para as projeções conservadoras, você vai sim chegar a estas altas taxas de endividamento do PIB. Se você realmente se desviar tanto, você sabe, 30 anos, 40 anos, você fará enorme taxas de déficit/endividamento do PIB. A história de curto prazo é que você tem um alto déficit porque isso é o que acontece quando a sua economia vai para o vinagre, você arrecada menos impostos, você paga mais dinheiro de seguro desemprego. E, você sabe, antigamente quando eu era um estudante do mestrado, sempre nos ensinavam que isso era uma coisa boa porque de outra forma a economia seria ainda mais fraca. Então, sim, você faz um deficit num curto prazo, e que eu saiba isso é realmente uma coisa boa. De outra forma você teria um crescimento mais lento e mais desemprego.
JAY: Mas isso não pode ser simplesmente uma divisão filosófica. Tem que existir uma diferença de interesses aqui. Por exemplo, quando eles olham para economia—esses caras espertos. Eles sabem, você sabe, as pessoas em Wall Street que são os amigos desses políticos que fazem esses pronunciamentos, e Peterson ele mesmo, tem feito fortunas ao entender como a economia funciona. Então com o que eles estão preocupados? Digo, não pode ser somente, como, uma discordância teórica. Eles olham para os seus próprios patrimônios e ficam preocupados sobre eles sendo desvalorizados, e Eu suponho que eles estão mais preocupados sobre isso do que eles estão com desemprego.
BAKER: Não, eu não penso realmente que seja uma questão de patrimônio sendo desvalorizado, porque este não é um bom mecanismo de promover o crescimento, e de todas as maneiras eles se dariam melhor com crescimento maior. Mas eu acho que o que eles estariam mais preocupados é com aumento de impostos. Assim o que eles estão fazendo é tirando vantagem dessa situação de déficit—criada, tenho que dizer, por eles. Você sabe, assim é um pouco inacreditável que você tenha essas pessoas de Wall Street—Robert Rubin, é claro, Estou pensando de, você sabe, a frente e a direita, porque ele era, você sabe, primeiro na administração Clinton batalhando pela desregulamentação, inflando a bolha de ações, tudo bem, você sabe, com um dolar supervalorizado. Eu quero dizer, este cara no centro das políticas. Então ele se mudou para o Citigroup e pessoalmente lucrou com isso a quantia de US$ 120 milhões enquanto ele arruinava o banco—que estaria falido se não tivesse sido salvo pelo governo dos EUA. Então as pessoas de Wall Street nos levaram diretamente onde estamos aqui, e agora estão tirando vantagem da crise que eles mesmos criaram ao tentar desestabilizar a Seguridade Social, Medicare, Medicaid, e outros fundamentais programas sociais. Basicamente Eu vejo isto como eles não querendo pagar por isso. Assim impostos para--
JAY: Como que eles pagam por isso agora?
BAKER: Bem, eles não estão pagando por isso agora. Eles irão pagar por isso no futuro. A Seguridade Social emprestou ao governo dos EUA US$ 2,5 trilhões. Isto será pago pelo bolso dos Peter Peterson, ele e outras pessoas como ele. Ele não quer pagar de volta. Ele isso absolutamente explicitamente. Eu o ouvi dizendo—Eu o ouvi dizendo muitas vezes, mas ele disse isso na conferencia a poucas semanas atrás. Ele disse: que não existe nenhum fundo garantidor da Seguridade Social. Ele quer zerar essa diferença. A Seguridade Social dos impostos dos dólares dos trabalhadores, US$ 2,5 trilhões emprestados ao governo dos EUA para ser pago com os impostos que são pagos por pessoas como Peter Peterson. Peter Peterson disse, Eu sou uma pessoa rica e poderosa, Eu não tenho que devolver estes US$ 2,5 trilhões, nos vamos simplesmente tirar isso dos trabalhadores e dizer para eles, desculpe gente, não há nada aqui para vocês. Isto é o que acontece. Eu penso que isto é muito frente e centro. E Peter Peterson disse isso tão claro quanto seria possível. Ele quer roubar as pessoas dos seus US$ 2,5 trilhões do dinheiro da Seguridade Social.
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