Pesticide Action Network

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

BNDES tem discurso verde e prática cinza

Entrevista especial com João Roberto Lopes Pinto
A Plataforma BNDES surgiu em 2007 e tenta incidir “sobre os rumos do desenvolvimento brasileiro”, fiscalizando e questionando os aportes do BNDES a empreendimentos públicos e público-privados. A principal crítica, de acordo com o integrante da Plataforma, João Roberto Lopes, é dirigida aos financiamentos que favorecem “a concentração econômica, viabilizando grandes conglomerados empresariais e financeiros nos setores de mineração e siderurgia, papel e celulose, agropecuária, petróleo e gás, hidroelétrico e etanol, com intensos e extensos impactos sociais e ambientais”. Em entrevista à IHU On-Line, concedida por e-mail, Pinto também critica a política socioambiental do Banco. Em sua opinião, ela é ineficiente e tem poucos mecanismos para garantir o controle dos impactos gerados pelos projetos ambientais. Isso vale, inclusive, no caso das poucas salvaguardas ou “obrigações adicionais” previstas na política do BNDES para alguns setores. Entre eles, estão o setor de etanol, termoelétrica e frigoríficos. “Tais salvaguardas, além de pouco efetivas, respondem a fortes pressões na sociedade bem como à preocupação do governo de produzir uma imagem externa de compromisso socioambiental, em função de interesses comerciais e financeiros comprometidos com a expansão dos citados setores no mercado internacional”, explica. Para o pesquisador, a viabilização de empreendimentos impactantes demonstra que há, no Brasil, um “processo de financeirização das políticas ambientais” e “abertura de um novo mercado, da chamada ‘economia verde’, que irá servir para gerar ‘compensações’ que justificarão a continuidade da degradação socioambiental”. João Roberto Lopes Pinto é doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro – IUPERJ. Atualmente é coordenador executivo do Instituto Mais Democracia e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-RJ. Escreveu Economia solidária: de volta à arte da associação (Porto Alegre: UFRGS, 2006).

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